terça-feira, 12 de abril de 2011

Confessionário dos Anjos - Anjo vingador

De mãos desertas e asas em pranto derramo com minha espada o sangue das feras que habitam com crueldade corpos humanos. Trago no peito como escudo palavras sinceras e nos olhos cegos de desengano todos os versos escritos durante anos no sagrado livro aberto dos meus sonhos como forma de livrar inocentes da Guerra, do desamor, da violência, do egoísmo e do desencanto. Apesar de todas as batalhas vividas em minha existência devotada a tudo que mais prezo e amo, me mantenho poeta diariamente sem paz procurando por corações verdadeiros mesmo que estejam sem fé se esfacelando. Entre céus e trevas sorrindo ou em lágrimas ainda me rezam Anjo. Não sei se tenho capacidade celeste para tanto. Acreditam que livro almas do sofrimento que elas mesmas se impuseram através de atos covardes e insanos. Minha missão irrecusável me custa o encanto, pesado fardo que carrego corajosamente ao cansaço não me entregando. Pago com um sofrimento que palavras simplesmente são incapazes de mensurar o tamanho. Nele sinto minha dilacerada alma hemorragicamente escoando pela árdua convivência com as chagas putrefatas do egoísmo que feito peste se espalha entre os seres que vivem rastejando. Como Anjo que combate sem cessar o horror miseravelmente desumano sigo Vingador o que pela esfera superior me foi determinado através de seus misericordiosos planos. Combater o mal seja ele sagrado ou profano já violentamente introjetado no seio de alguns como esfomeado cancro.  Aos poucos perco a esperança que um dia me fez guerrear para corrigir os erros que foram se materializando nos que assistem impassíveis a sociedade concretamente se destroçando. O destino nunca será traçado por aqueles que buscam acolhida na monstruosidade que transborda fétida do lodo humano. O livro arbítrio é um caminho que pode ser bem trilhado exclusivamente pelos que se amam. Luto contra aqueles que escolhem seguir violentados a vida violentando. Sigo por entre estradas que me vão me martirizando passo a passo, dia a dia, ano a ano, mas não ouso me sentir tentado em provar o esgoto que muitos endeusam e veneram para meu desespero e espanto. Minha sobrevivência é a única esperança dos poucos que tenho ao meu lado como nobres corajosamente as suas armas empunhando. Preciso vencer o que deseja ter meu peito em seus vermes infectos rendido se afogando. Um dia serei recompensado pela fidelidade que carrego digna de todos os Anjos. Com o meu descanso. Em paz.

Um comentário:

  1. "...me mantenho poeta diariamente sem paz procurando por corações verdadeiros mesmo que estejam sem fé se esfacelando..."

    Monica Querida, leio o Anjo Vigador e percebo o quanto ele conversa com o dia a dia do poeta, do fazer poesia. A ansiedade dele parece ser a nossa, sempre transbordando em tintas por um tempo mais digno, mais justo, mais sublime onde caibamos nós e outros...

    Um beijo e bo te ler.

    Carmen.

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