quarta-feira, 11 de maio de 2011

Confessionário dos Anjos - Anjo Imaginário

Uma fábula. Sei o que sou na história mal traçada que na pele nunca se contou. Um resto puro da alma impublicada que da métrica dilacerada não se salvou. Minhas asas tem sede daquilo que o corpo nunca materializou, o verso perdido que a palavra encarcerada a boca acovardada não libertou. Sou fruto mordido do teu sonho devastador que em arrepios sombrios de febre e amor brotou noite em dia no fundo dos olhos que o pensamento de medo em letras vazias se ardeu e de desejo silenciou. Em teu sorriso resido fugitivo da lágrima que rolada um dia enxurrada já me carregou. Um impreciso nascido pelo desespero vencido em meio ao vazio em que respiro o martírio no peito com frio, sem brilho e sem cor. Vivo no precipício indefinido redigido pela inexistência da minha dor. Existo? Quem contou? Permaneço escrito no limite deturpado de ser lido vivo consumido no texto que se apagou. Insisto no verso que me criou, apesar de não acreditar na realidade da palavra que um dia com poesia antropofágica me devorou. Busco feito infante um paraíso nas trevas distantes da imaginação errante onde meu corpo de mísero diamante permanece sangrando cortante em um vitral falsamente gigante colorido pelo sangue concreto, hemorrágico e inconstante do arrependimento dilacerante pelo sentimento que não se ousou. Com o poder subtraído do criador pensas que reflito a imagem e semelhança do que se determinou. Espelho? Jamais me condenou. Meu texto? Estilhaçou.

3 comentários:

  1. ops, em tempo...digito pensamento, agora correto.

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  2. Para o imaginário não há espelhoss, tudo que criamos são passeios do penamentos e esse anjo sabe e faz cócegas à criação.

    Beijo.

    Carmen.

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  3. Belo e emocionante, parabéns....show.
    Bom domingo Monica, lindo blog, Bia.

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