quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A anatomia de uma poeta - Por ela

Hoje resolvi revelar minha anatomia de poeta. Minha alma mais publicamente secreta, meu poço sem fundo de contradições, minha ausência de norma, de forma, de estética. Aqui estou de palavra aberta, rasgada e poética para contar uma historia que conta outras que contam ela. Uma trajetória verdadeiramente em prosa de quem se fez pelo mundo declamante de sonhos e idéias. Se eu nasci não sei ao certo, mas acho que existo. E isso talvez seja um começo, meu inicio, precipitada em precipício. Na infância, isso eu ainda lembro, escrevia muito, criava desenhos, historias de pulavam de um pensamento que eu nem sonhava que existia. Tempos depois me explicaram cuidadosamente que era poesia. Eu jamais imaginaria que a minha vida se tornaria um desconcerto sinfonicamente constante de versos e contradições de gigante nessa minha alma de menina aproximadamente distante. Com infante alegria eu sem perceber percebia que a literatura já me consumia. Na adolescência quanto mais eu crescia menos eu queria. Só que eu não controlava a arte que me colocava ali, sem fantasia, de cara limpa, inconseqüente, pseudo adulta em urgentes versorragias. Cresci e não me aprendi. Usei todos os métodos para ser racional, normal. Nada funcionou mas não me fugi. Descobri que só restou alma e palavra. Poetei assim, na minha própria cara, meio assustada com tanto sentimento presente que eu realmente, talvez e sempre, imaginava. Eu não crescia e poetava. Era eu a mesma pequena escrevendo palavra a palavra, rabiscando textos achando que não eram, e não são, nada. Certo dia entre sorrisos e lagrimas constatei que a minha anatomia é hemorragicamente versada. Cada palavra me tem uma função precisa, uma ação capaz de ser só, por ela realizada, um movimento, uma estrutura, uma forma integrada a outras tantas significantes palavras. Decidi expor aqui cada uma delas explicitamente, sem mascaras. Eis aqui a anatomia docemente maldita que constitui a minha alma. Sangrada.

16 comentários:

  1. A menina-poeta nasceu fadada por Erato e docemente se envolve com as palavras e nasce o poema de suas mãos de seda.

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  2. Minha doce poeta de palavras lindas, que texto encantador!

    Você me descreveu, deixou expostos o meu eu aqui, rs....

    Algumas palavras contraditórias, alguns versos inacabados, alguns tantos outros rasgados, ensanguentados...

    Perfeito querida!!

    Lindo dia!!

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  3. anatomia decente maldita... kkkkkkk

    #amo

    Lindo como sempre!

    Bjx
    @Vampireska

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  4. Que palavras lindas e sinceras, Monica!

    Até a dor e a tristeza ficam perfeitas em seus versos... adoro!

    Beijos, com carinho!

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  5. Quanta beleza!
    Lembrou-me o título de um livro (foge-me o nome do autor) Autópsia em Corpo Vivo.
    Parabéns
    Beijos

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  6. Oi Linda...

    Obrigada por me trazer aqui e me deixar viajar em verdades descritas por você!

    O ser humano é assim dotado de complexidade ao mesmo tempo tão completa.

    Paranbéns!

    Virei fã.

    Beijos pra vc com carinho.

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  7. Na infância, isso eu ainda lembro, escrevia muito, criava desenhos, ....
    Monica querida, você nasceu uma poeta.
    Aproveite as palavras e desenhe com elas tudo o que seu coração almeja.
    Beijo
    Odila

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  8. Mônica Querida, temos conVersando tanto e isso me faz muito bem... agora leio tua anatomia desvendando todos os passos de tua alma, osso a osso, momento a momentos e ao findar me banho de Criação, de amor de Construção com a palavras.

    Um beijo grande e estar contigo em leituras me faz muito bem.

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  9. Parafraseando o querido Gibran:

    "Quando a poesia vos acenar, segui-a, embora seus caminhos sejam ásperos e escarpados..."

    Me sinto como você Monica

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  10. Como é bom viajar nas linhas da sinceridade.
    Maelo
    www.artenomovimento.com.br

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  11. É amiga, poetar é preciso...Principalmente para quem tem uma nascente que jorra palavras constantemente. É preciso fazê-las tomar forma e colocá-las no lugar adequado!!!
    Parabéns, escreves muito bem!
    http://marciagrega.blogspot.com
    http://gregapoemas.blogspot.com
    http://brasigrega.blogspot.com

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  12. a anatomia de um poeta é palavra aliterada, assonada, é metáfora, é analogia. A anatomia de um poeta é o desenho de toda a beleza despercebida do universo. É arte palavreada e encarnada... é, é sim vc, Mônica! Bom saber que a gente vive da mesma razão de ser...

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  13. muito bom guria, gostei e vou segui-la

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  14. Querida amiga
    Sorte a nossa por vc existir e nos inundar com versos e textos tão belos!

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