terça-feira, 14 de junho de 2011

Confessionário dos Anjos - Anjo Mal dito

Eu resisto. Luto bravamente para escapar das garras envenenadas do meu martírio. Minhas asas sangram imaculadas transpassadas por cristais vivos. Me dispo de todas as suas chagas para ser escrito. Insisto na purificação do mal que imaginária mente habito. Não devo calar minhas mãos dilaceradas por isso. Rabisco. Sou traço amargurado em lábios sem sentido. No espaço das palavras infinito. Entre lágrimas assisto. A loucura dos Homens e deles covardemente desisto. Ando em farrapos hemorrágicos por isso. Sou poeta. Mal dito. Escrevo teus olhos no meu corpo salgado consumido. Ensurdeço na boca onde te abrigo. Superficialmente resumido. Destrocei acidamente ferido todas as minhas noções estéticas do ato de estar vivo. Banido. Me tornei enevoado no teu grito. Sou apenas um quadro quase destruído entre imagens derramadas pelo não dito. Não mais me acredito. Em verso amaldiçoado ainda vivo. Em pedaços. Ressuscito. Intencionalmente escrito. Pelos dedos onde padeço no que não deve redigido. Profano ferozmente o que duvido. Renasço Fênix nos teus ouvidos. Meu silêncio é castigo. Com sentido.

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